Talvez o grande erro de qualquer homem seja apostar alto
demais nas expectativas. Basta uma palavra, um sorriso, uma vontade
reprimida, que logo vem a expectativa que atropela as ações, os gestos e
acidenta os nossos sentimentos diante da frustração. Talvez fosse mais
fácil acreditar que tudo o que acontece tem um propósito maior mais a
frente, que o destino é o responsável pelo rumo das nossas vidas e que
cabe a nós, meros espectadores dessa história já traçada, observarmos o
seu desfecho e aplaudirmos o final, ou chorarmos a morte da
protagonista.
Mas, ao contrário dos filmes românticos que sofrem poucas alterações durante a execução, a vida se apresenta muitas vezes em uma narrativa experimental. Sem lógica, sem nexo, as ações acontecem sem poderem ser premeditadas. Nesse enredo inconstante, não há reprise no "Vale a pena ver de novo", nem na "Sessão da tarde", não há também classificações de idade ou duração de tempo previamente estabelecida.
Somos os mocinhos de algumas situações, os vilões
para outros protagonistas. Não vivemos um enredo que tem apenas um
núcleo central, a partir do qual as outras histórias acontecem. Vivemos
em um enredo, em que cada um é o protagonista da própria história. E
nós, tanto espectadores, quanto atores da cena que está indo ao ar, não
precisamos esperar o último capítulo para aprendermos novas lições.
Nossa narrativa vai além do "The End".
*Este texto foi feito para o Jornal "Mundo Urbano".
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