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Pisciana de 25 anos, jornalista por formação, psicóloga entre amigos, sãojoanense de nascimento, juiz-forana de alma e montes-clarense por acidente. É atraída por desafios e, por mais que a vida insista em querer provar o contrário, nunca deixou de acreditar que o amor existe.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Desabafo

Costumo dizer que quando estou triste fico mais inspirada para escrever, e posso dizer que hoje estou em um daqueles dias de pensamentos conturbados, um dia aparentemente ruim, mas no qual eu vejo uma forma de transformar toda dor e qualquer dúvida em palavras.
Eu me lembro que enquanto criança eu costumava escrever sobre meus devaneios e possíveis amores, o tempo passou, aquela menina extremamente romântica e sonhadora se perdeu em algum lugar, mas a mania de escrever sobre o que me angustia continua.

Eu me defino como uma pessoa curiosa e que observa constantemente as relações humanas. E é justamente nessa questão que se concentram minhas maiores angústias e medos e por mais que eu tente entender as atitudes dos outros, mais eu me perco nesse caminho só de ida.
As pessoas são engraçadas ou bizarras, depende da concepção de cada um. Elas podem ser amáveis em um dia e completamente desprezíveis no outro, como se os sentimentos, fizessem parte apenas de uma grande teia de interesses. Mas será que fazem?

Nesse contexto, vemos amizades instântaneas que podem se tornar em inimizades mortais e amores que duram apenas uma noite. É como se existisse um chip, que fizesse com que as pessoas te falassem o que você queria ouvir no momento que precisava, mas que tem a memória apagada logo em seguida. E junto com essa memória se perdem as promessas, a palavra, a confiança e em alguns casos o caráter(e esse não tem mais volta).

É como se fosse àquela velha máxima, de que um coração ferido, não cicatriza facilmente. E parece que essa teia de interesse contamina, o ferido, humilhado de hoje é o mesmo que fere e humilha depois. Onde isso tudo vai parar? Sabe o que é pior? Enquanto eu escrevia e agora, enquanto você lê, mais alguém está sofrendo os impactos dessas relações de interesse.

domingo, 1 de maio de 2011

Dilemas da mídia

A tragédia do Realengo ganhou as páginas dos grandes jornais do país e do mundo. Um homem entrou numa escola estadual, no dia 7 de abril e atirou contra as crianças, fazendo vários feridos e 12 mortos e após ser atingido na perna por policias, atira contra a própria cabeça e morre. O fato chocou o país e muito se especulou sobre as histórias das vítimas e do assassino, com ênfase em uma carta que o assassino havia escrito antes de morrer.

A partir do fato, aconteceu o que todos esperavam, a mídia explorou o assunto ao máximo. E quem assistiu o noticiário da Record(que passa na hora do almoço), no dia 7 de abril, viu as crianças sendo retiradas na maca para serem levadas ao hospital. Quando me deparo com uma situação igual a essa , me faço a seguinte pergunta: até onde o interesse público pela informação se vê representado no noticiário e a partir de quando o tema ganha proporções mercadológicas, em que quem publicar o horror, a tragédia primeiro, sai na frente?

São relações como essas que nos fazem questionar e rever os dilemas jornalísticos, ainda mais quando está em jogo a comoção nacional. A exemplo de outros casos, como o da Izabela Nardoni e da Eloá, houve uma superexposição do assunto. Onde quer que fosse era possível saber de novos desdobramentos do caso.

Vale ressaltar que um dos artifícios do jornalismo é personificar as tragédias, para que o discurso se torne mais próximo do público e passe aquela sensação de “podia ter sido comigo”ao telespectador e/ou leitor. A partir daí, aparecem histórias, como a da menina que morreu dias antes da festa de 15 anos, ou então da avó que falece após saber a notícia da morte da neta. E é nesta nota que eu vou focar minha análise.

Na matéria publicada no dia 15 de abril, pelo site G1, podemos constatar a exposição da tragédia para atingir o objetivo principal, que é o furo da reportagem e a busca por fatos novos e suítes do acontecimento no Realengo. Não há respeito aos familiares da vítima, uma vez que após a morte da menina(o que foi motivo de assunto na mídia), ocorreu a morte da avó, que fez com que os meios de comunicação incitassem mais uma vez o acontecimento anterior.

Além da consideração de que a senhora de 92 anos morreu, quando soube do óbito na neta ainda temos a notícia de que o pai da menina completou 60 anos por esses dias, e ainda podemos constatar a escolha infeliz da seguinte fala de um parente das vítimas: “Clóvis fez 60 anos na segunda-feira (11). O presente que ele recebeu foi a morte da filha e agora da mãe”. E como nos outros casos, a dor alheia torna-se um espetáculo de domínio público.