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Pisciana de 25 anos, jornalista por formação, psicóloga entre amigos, sãojoanense de nascimento, juiz-forana de alma e montes-clarense por acidente. É atraída por desafios e, por mais que a vida insista em querer provar o contrário, nunca deixou de acreditar que o amor existe.

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Sobre o que ela sente e não diz

A confiança era o que a sustentava. Acreditava que o amor bastava e que havia reciprocidade no sentimento e sinceridade em todas as palavras ditas por ele. Sonhava com uma casa cheia de filhos e cachorros, da alegria espalhada por todos os lugares em meio a brinquedos e sorrisos. Nem mesmo a velhice a assustava. Imaginava passar os próximos anos ou a vida inteira ao seu lado.

Passou a achar que nenhum outro homem era interessante. O amor havia a cegado. Como forma de defesa ou por pura ingenuidade, passou a desconsiderar os seus defeitos. Parecia que havia se esquecido de todas as outras desilusões vividas. Ele errou algumas vezes, mas o perdão sempre aparecia depois das lágrimas derramadas e das promessas de que teria sido a única e a última vez.

Como nas outras vezes, ela prometeu que tudo iria ficar bem. Talvez a sua doçura se ausentasse por alguns dias, talvez choraria em silêncio toda vez que se lembrasse. Mas, por mais uma vez, vestiu o sorriso. Aquele já sem brilho e em tons de amarelo que há tempos não usava, mas que sempre aparece quando ela tenta esconder a dor que sente. 

terça-feira, 11 de junho de 2013

Sobre as coisas que vou falar para os meus filhos

Menina, por mais que eu te conte sobre a vida, há coisas que só você poderá descobrir. Mas, não se iluda com tudo o que te falarem. Palavras bonitas nunca terão o mesmo efeito do que as pequenas ações. Descubra nas coisas simples, a razão que faltava para buscar a felicidade.

Você ainda vai chorar muito, menina! E eu não preciso de bola de cristal ou jogar nas cartas para prever isso. As lágrimas e a dor fazem parte do seu crescimento e vai ser por meio das perdas que você vai aprender a valorizar tudo o que tem hoje.

Acredite, uma hora ou outra, você vai descobrir que contos de fadas não existem. Mas, isso não quer dizer, que você não vai encontrar alguém. E, por mais que você encontre pessoas erradas, não deixe de acreditar no amor, menina! Mas, não se precipite. Antes de qualquer coisa, você precisa entender que pode sim ser feliz sozinha.

Cuide das pessoas que você quer bem, demonstre sentimento, conheça pessoas novas, mantenha esse sorriso lindo no rosto.  Faça cartas, poemas, escute a mesma música mil vezes e lembre-se de alguém.

Aproveite o que der, o que vier. Quando menos esperar, o amor vai chegar. Aí menina, o seu coração vai palpitar em um ritmo diferente, o seu olhar vai ter um brilho intenso e você, vai ter alguém para caminhar numa mesma direção.

Mas, lembra o que eu te disse? Não se iluda, conto de fadas não existe. Você vai ver que as diferenças vão fazer parte da vida a dois e vai entender, que a existência de brigas não significa falta de amor. Quando sobrar incertezas, encontre forças no companheirismo. Quem ama de verdade, cresce junto.


Sei que  você vai achar que escrevi um monte de bobagens, menina! Mas, não deixe de acreditar. Espero que um dia entenda que isso era tudo o que eu queria te dizer, antes mesmo de te conhecer.

domingo, 5 de maio de 2013

Se não tiver paixão, desiste

Se não tiver paixão, desiste. É a paixão que move as ações. É a paixão que te faz acordar, mesmo que sem vontade, mesmo sabendo que o chefe mal humorado te espera, mesmo sabendo que vai perder a paciência ao longo do dia. É a paixão por essa profissão de tanto status, muita ralação e pouco valor que te faz aguentar isso. Em meio a tantos cafés, chocolates e pausas para respirar e seguir em frente, que você recarrega as suas energias.

Talvez, essa não seja a sua realidade, mas é a minha. Pois é, caros leitores, depois da formatura, o que era um sonho quase se transformou em desilusão. Mas, se não fosse a paixão pelo Jornalismo, eu não teria resistido a isso tudo. Você estuda para passar vestibular, consegue a sua vaga em uma universidade federal, se dedica durante anos e abraça todas as oportunidades que aparecem pela frente. E, um belo dia, se vê com o diploma na mão, um sorriso amarelado no rosto e sem saber para onde ir. Acredite: o sorriso amarelado não é decorrente apenas do excesso de cafeína, mas da falta de esperança.

O mercado de trabalho tem mais gente do que emprego, muita gente ruim também, diga-se de passagem. Mas, ainda assim, é muita gente. Além disso, há aqueles que acreditam que o jornalista não tem tanta importância na empresa e, quando tem corte de gastos, ele é o primeiro que roda. Também têm empresas que apostam na economia porca: contratam quatro estagiários por um valor ridículo e não são capazes de contratar um jornalista formado por um salário digno. Nesse meio, há muitos palpiteiros com pouco embasamento.

Lembro que no início da faculdade, já fui colocada diante da maior prova de amor pelo Jornalismo: cheguei cheia de sonhos e me tiram a obrigatoriedade do uso do diploma que ainda nem meu era. Foi um balde de água fria nos meus planos. Muitos utilizavam o mesmo discurso e o repetiam a exaustão: “escrever, qualquer um sabe!”. Isso me enfurecia.

Assim como um médico, eu também sei abrir uma pessoa, se preciso. Mas, pode ser que isso lhe custe a vida. Assim como o bisturi que pode salvar ou tirar uma vida, se for mal utilizado; é a informação. E o papel do jornalista na atual conjuntura assim como em outros momentos da história, é questionar, bater de frente, procurar as várias faces da verdade, encontrar os culpados, exigir das autoridades. Por que eu falei isso tudo? Para que você saiba que, independente do que acontecer e das pessoas que que levarem nuvens escuras e pesadas para o seu dia ensolarado, você tem que ter em mente que a paixão e o foco vão ter que ser mais fortes. Talvez o caminho não seja fácil, talvez seja difícil chegar ao topo, mas acredite em você e se entregue a esse desafio. O sucesso é de quem tenta, de quem cai e se faz mais forte a cada queda.

quinta-feira, 14 de março de 2013

A saudade que fica



Lembro de quando as minhas tardes recheadas de desenhos e brincadeiras eram o meu refúgio. Já faz mais de 15 anos, mas a lembrança vem com a mesma nitidez do que o que aconteceu ontem. Eu sentada no chão da sala, você olhando de relance a minha brincadeira. A curiosidade e a proteção se faziam presentes na sua face, e não era necessário pronunciar uma palavra sequer para perceber isso.


Com o tempo, as minhas brincadeiras na rua e os desenhos dos finais de tarde foram substituídos pelas primeiras saídas à noite. A preocupação dessa vez tomava voz. “Não chegue tarde”, você me dizia. E não foram raras as vezes que eu voltei da festa e te encontrei acordada me esperando.


Diante da dor da perda, nos aproximamos ainda mais. Transformamos em companhia uma para outra. Nos finais de semana, você era o meu despertador e com um jeito só seu, me fazia acordar sempre que dizia: “nossa, mas já são 10 horas?”. Essa frase me fazia levantar da cama, às vezes meio irritada, mas toda a irritação ia embora quando você me fazia deitar no seu colo e passava a mão no meu cabelo cantando as mesmas músicas que eu ouvia quando era criança.


Aprendi a gostar de matemática jogando escopa com você. Fazer quinze pontos e marcá-los com os grãozinhos de feijão era a minha meta. Naquela época, descobri que na simplicidade a gente pode ser mais feliz do que imagina. Continuei crescendo, até que chegou a hora de mudar de cidade e aprender a ficar longe de você.


A cada volta, um sorriso diferente marcado pela ansiedade, me esperava no portão. O abraço caloroso, o cafuné de mão enrugada, o carinho que eu sempre recebi, os olhos que já viram tanta coisa na vida, a força como marca registrada de quem “desaprendeu” a chorar. Queria ser forte como você foi e guardar esses momentos como lembranças boas de uma época que não volta mais, mas me lembro de que assim como essa época, você também não vai voltar. E a saudade fica, martela no peito, consome a fé.