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Pisciana de 25 anos, jornalista por formação, psicóloga entre amigos, sãojoanense de nascimento, juiz-forana de alma e montes-clarense por acidente. É atraída por desafios e, por mais que a vida insista em querer provar o contrário, nunca deixou de acreditar que o amor existe.

domingo, 1 de maio de 2011

Dilemas da mídia

A tragédia do Realengo ganhou as páginas dos grandes jornais do país e do mundo. Um homem entrou numa escola estadual, no dia 7 de abril e atirou contra as crianças, fazendo vários feridos e 12 mortos e após ser atingido na perna por policias, atira contra a própria cabeça e morre. O fato chocou o país e muito se especulou sobre as histórias das vítimas e do assassino, com ênfase em uma carta que o assassino havia escrito antes de morrer.

A partir do fato, aconteceu o que todos esperavam, a mídia explorou o assunto ao máximo. E quem assistiu o noticiário da Record(que passa na hora do almoço), no dia 7 de abril, viu as crianças sendo retiradas na maca para serem levadas ao hospital. Quando me deparo com uma situação igual a essa , me faço a seguinte pergunta: até onde o interesse público pela informação se vê representado no noticiário e a partir de quando o tema ganha proporções mercadológicas, em que quem publicar o horror, a tragédia primeiro, sai na frente?

São relações como essas que nos fazem questionar e rever os dilemas jornalísticos, ainda mais quando está em jogo a comoção nacional. A exemplo de outros casos, como o da Izabela Nardoni e da Eloá, houve uma superexposição do assunto. Onde quer que fosse era possível saber de novos desdobramentos do caso.

Vale ressaltar que um dos artifícios do jornalismo é personificar as tragédias, para que o discurso se torne mais próximo do público e passe aquela sensação de “podia ter sido comigo”ao telespectador e/ou leitor. A partir daí, aparecem histórias, como a da menina que morreu dias antes da festa de 15 anos, ou então da avó que falece após saber a notícia da morte da neta. E é nesta nota que eu vou focar minha análise.

Na matéria publicada no dia 15 de abril, pelo site G1, podemos constatar a exposição da tragédia para atingir o objetivo principal, que é o furo da reportagem e a busca por fatos novos e suítes do acontecimento no Realengo. Não há respeito aos familiares da vítima, uma vez que após a morte da menina(o que foi motivo de assunto na mídia), ocorreu a morte da avó, que fez com que os meios de comunicação incitassem mais uma vez o acontecimento anterior.

Além da consideração de que a senhora de 92 anos morreu, quando soube do óbito na neta ainda temos a notícia de que o pai da menina completou 60 anos por esses dias, e ainda podemos constatar a escolha infeliz da seguinte fala de um parente das vítimas: “Clóvis fez 60 anos na segunda-feira (11). O presente que ele recebeu foi a morte da filha e agora da mãe”. E como nos outros casos, a dor alheia torna-se um espetáculo de domínio público.

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