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Pisciana de 25 anos, jornalista por formação, psicóloga entre amigos, sãojoanense de nascimento, juiz-forana de alma e montes-clarense por acidente. É atraída por desafios e, por mais que a vida insista em querer provar o contrário, nunca deixou de acreditar que o amor existe.

quinta-feira, 14 de março de 2013

A saudade que fica



Lembro de quando as minhas tardes recheadas de desenhos e brincadeiras eram o meu refúgio. Já faz mais de 15 anos, mas a lembrança vem com a mesma nitidez do que o que aconteceu ontem. Eu sentada no chão da sala, você olhando de relance a minha brincadeira. A curiosidade e a proteção se faziam presentes na sua face, e não era necessário pronunciar uma palavra sequer para perceber isso.


Com o tempo, as minhas brincadeiras na rua e os desenhos dos finais de tarde foram substituídos pelas primeiras saídas à noite. A preocupação dessa vez tomava voz. “Não chegue tarde”, você me dizia. E não foram raras as vezes que eu voltei da festa e te encontrei acordada me esperando.


Diante da dor da perda, nos aproximamos ainda mais. Transformamos em companhia uma para outra. Nos finais de semana, você era o meu despertador e com um jeito só seu, me fazia acordar sempre que dizia: “nossa, mas já são 10 horas?”. Essa frase me fazia levantar da cama, às vezes meio irritada, mas toda a irritação ia embora quando você me fazia deitar no seu colo e passava a mão no meu cabelo cantando as mesmas músicas que eu ouvia quando era criança.


Aprendi a gostar de matemática jogando escopa com você. Fazer quinze pontos e marcá-los com os grãozinhos de feijão era a minha meta. Naquela época, descobri que na simplicidade a gente pode ser mais feliz do que imagina. Continuei crescendo, até que chegou a hora de mudar de cidade e aprender a ficar longe de você.


A cada volta, um sorriso diferente marcado pela ansiedade, me esperava no portão. O abraço caloroso, o cafuné de mão enrugada, o carinho que eu sempre recebi, os olhos que já viram tanta coisa na vida, a força como marca registrada de quem “desaprendeu” a chorar. Queria ser forte como você foi e guardar esses momentos como lembranças boas de uma época que não volta mais, mas me lembro de que assim como essa época, você também não vai voltar. E a saudade fica, martela no peito, consome a fé.

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